02/10/2006

Atualidade do Manifesto de 1938

por Caio Dezorzi

Em 1938 a idéia de agrupar artistas e pensadores em torno da FIARI (Federação Internacional da Arte Revolucionária Independente) tinha como pretensão fazer frente a dois grandes obstáculos à livre expressão artística e espiritual do ser humano: o capitalismo e o stalinismo.



Hoje, não se pode mais dizer que o stalinismo (a prática da burocracia da ex-URSS) representa uma ameaça global à liberdade de expressão. Ainda existe residualmente em alguns países que herdaram suas deformações em processos revolucionários (como nas burocracias da China, Cuba, etc), mas globalmente está longe do que foi até a queda do Muro de Berlim. Nos países onde ainda existe, o stalinismo deve ser combatido!

Já o capitalismo prossegue - mesmo que agonizante - envolvendo as forças produtivas de toda a humanidade num espiral de exploração, destruição, miséria, cada vez mais elevados pela avançada tecnologia de suas guerras, capacidade de cerceamento das liberdades coletivas e individuais e exploração brutal da força de trabalho.
Além da liberdade de expressão artística, ideológica, cultural ser completamente coibida pelas relações econômicas sob o regime capitalista mundial, há estados capitalistas que ainda privam essa liberdade através de imposições de cunho religioso (como é o caso do Estado Judeu de Israel, os Estados Islâmicos e outros).

Apesar de tudo que os imperialismos - em particular o estadunidense - fazem para manter a ordem social e econômica mundial; apesar do grande desserviço prestado pelo stalinismo, alimentando a torrente de preconceitos com relação à reorganização comunista da sociedade; os explorados do mundo todo - em particular os proletários - resistem! E essa resistência pode ser vista por todos os lados, nas ocupações de terra, de prédios, de fábricas; nas manifestações de rua contra as guerras; na derrubada de Chefes de Estado (Argentina, Bolivia, etc); no processo revolucionário na América Latina, em particular na Venezuela e na resistência do povo cubano. Ou seja, apesar de tudo, a perspectiva de emancipação do ser humano continua atual, mais do que nunca! Aos artistas cabe buscar, por todos os meios, a expressão independente, portanto, revolucionária! A revolução tornará possível a todos os seres humanos do planeta se expressarem através da arte e o conceito de "artista" cairá completamente ultrapassado! O ser humano é artista!

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