19/12/2007

AS MILÍCIAS NO PODER

O indiscreto interesse das novelas
por Luiz Carlos Ramiro Jr.



As novelas da Rede Globo representam o maior canal de recepção de informação audiovisual da população brasileira. É um traçado diário da vida burguesa e pequeno-burguesa, em geral do Rio de Janeiro ou São Paulo, com algum núcleo pobre para passar uma imagem democrática, mas que é sempre subserviente ao núcleo rico. A relação de classes é de amizade ou tutela, raramente há conflito. A novela não é a vida real. Mas sim a verdade que a elite quer que as pessoas recepcionem. Que é ilógica!

13/11/2007

Cinema

Tropa da Elite e para a Elite
por Caio Dezorzi

Tropa de Elite, o filme de maior sucesso do cinema brasileiro, é tecnicamente muito bem feito. Também não é pra menos. Quem foi ao cinema viu a quantidade de patrocinadores que investiram na produção. Antes do filme começar são quase 5 minutos só mostrando os logos de grandes empresas. E como sabemos, quem paga a banda escolhe a música! E a burguesia brasileira não ia pagar pra fazerem um filme que mostrasse a verdade, ou seja, de que ela – a burguesia – é a real responsável pela barbárie em que vivem as porções marginalizadas da população carioca e de todo o Brasil.

03/08/2007

Poesia

Operário em Construção
(Vinícius de Moraes)

Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.

Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.

Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:

Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião

Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.

De fato, como podia
Um operário em construção
Compreender por que um tijolo
Valia mais do que um pão?

Tijolos ele empilhava
Com pá, cimento e esquadria
Quanto ao pão, ele o comia...
Mas fosse comer o tijolo!

20/07/2007

Fome de Arte

por Alex Minoru

A arte, tão essencial para nossas vidas, encontra-se muitas vezes distante devido aos preços elevados dos ingressos de cinemas, teatros, shows, dos espaços culturais que muitas vezes estão distantes da periferia. O que é preciso para o artista sobreviver dignamente e para toda a arte estar acessível ao povo é o investimento do estado na cultura, o que historicamente não vem ocorrendo, obrigando o artista a ir mendigar dinheiro às empresas, aos patrões, recebendo a porta na cara quando o projeto não é lucrativo, quando a marca da empresa não terá grande visibilidade, ocasionando o que Ney Piacentini (ator e presidente da Cooperativa Paulista de Teatro) lembra em um exemplo: “Um banco usou R$ 9 milhões de isenção de impostos para trazer uma companhia internacional ao Brasil, cujos ingressos custam meio salário mínimo” (referindo-se ao Bradesco que patrocinou a vinda do Cirque du Soleil), é exatamente isso o que gera a Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) do governo federal, dinheiro que poderia estar sendo arrecadado pelo Estado, que fica para os empresários investirem no que for mais lucrativo para eles. Enquanto isso, o Ministério da Cultura conta com pífios 0,6% do orçamento, quando a própria Unesco recomenda 1% do orçamento para a cultura. A falta de dinheiro do Estado tem um grande culpado já bem conhecido, o superávit fiscal primário reservado para o pagamento da dívida, enquanto essa política de submissão permanecer, vai faltar para os trabalhadores educação, saúde, segurança, moradia, emprego e arte.

01/01/2007

Canção

O Que Foi Feito Deverá
(Milton Nascimento / Fernando Brant / Márcio Borges)

O que foi feito amigo
De tudo que a gente sonhou?
O que foi feito da vida?
O que foi do amor?

Quisera encontrar
Aquele verso menino que escrevi
Há tantos anos atrás

Falo assim sem saudade
Falo assim por saber

Se muito vale o já feito
Mais vale o que será
E o que foi feito é preciso conhecer
Para melhor prosseguir

Falo assim sem tristeza
Falo por acreditar
Que é cobrando o que fomos
Que nós iremos crescer

Outros Outubros virão
Outras manhãs plenas de sol e de luz

(canção gravada por Elis Regina em 1980 no álbum "Saudade do Brasil")