20/07/2007

Fome de Arte

por Alex Minoru

A arte, tão essencial para nossas vidas, encontra-se muitas vezes distante devido aos preços elevados dos ingressos de cinemas, teatros, shows, dos espaços culturais que muitas vezes estão distantes da periferia. O que é preciso para o artista sobreviver dignamente e para toda a arte estar acessível ao povo é o investimento do estado na cultura, o que historicamente não vem ocorrendo, obrigando o artista a ir mendigar dinheiro às empresas, aos patrões, recebendo a porta na cara quando o projeto não é lucrativo, quando a marca da empresa não terá grande visibilidade, ocasionando o que Ney Piacentini (ator e presidente da Cooperativa Paulista de Teatro) lembra em um exemplo: “Um banco usou R$ 9 milhões de isenção de impostos para trazer uma companhia internacional ao Brasil, cujos ingressos custam meio salário mínimo” (referindo-se ao Bradesco que patrocinou a vinda do Cirque du Soleil), é exatamente isso o que gera a Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) do governo federal, dinheiro que poderia estar sendo arrecadado pelo Estado, que fica para os empresários investirem no que for mais lucrativo para eles. Enquanto isso, o Ministério da Cultura conta com pífios 0,6% do orçamento, quando a própria Unesco recomenda 1% do orçamento para a cultura. A falta de dinheiro do Estado tem um grande culpado já bem conhecido, o superávit fiscal primário reservado para o pagamento da dívida, enquanto essa política de submissão permanecer, vai faltar para os trabalhadores educação, saúde, segurança, moradia, emprego e arte.